PASSEI | Segunda Fase USP e UNICAMP

Digo e sempre direi que a minha fase de vestibular foi o momento onde aprendi a andar com as minhas próprias pernas e em minha vida houve...


Digo e sempre direi que a minha fase de vestibular foi o momento onde aprendi a andar com as minhas próprias pernas e em minha vida houve um grande divisor de águas entre a Gabi antes do vestibular e a Gabi depois do vestibular.
Antes, aos 15 e 16 anos, eu era como qualquer adolescente da minha idade. Sabemos, no fundo, que o colegial não é eterno, mas por ora ele era meu único universo e o tempo era algo que não passaria nunca. Eu aos 18 era um mistério tão desconhecido quando eu tinha 15 que mal passava pela minha cabeça que essa idade chegaria para mim.
Universidade? Talvez. Curso? Psicologia, história, filosofia, jornalismo... Ainda não sei. Acho que depois do colegial vou viajar e pensar nessa coisa de faculdade depois de um ou dois anos.
E assim a vida seguiu até eu conhecer uma das pessoas mais especiais e que teve papel fundamental na minha caminhada no vestibular. Ele que me deu todo o suporte, me encorajou e me impulsionou para mais. E dessa vontade de alcançar um objetivo maior, foi na minha família que me apoiei e foram eles que estiveram do meu lado na minha decisão, mesmo que muitas vezes se preocupassem com o fato de eu ficar tanto tempo trancada no quarto, estudando, perdendo amigos, momentos em família e abdicando de coisas importantes pelo menos nesse momento em especial.

Nessa época, quando joguei tudo para o alto e mergulhei de cabeça com toda a determinação que cabia em meus 1,60 e poucos de altura, eu beirava os 17 anos e foi aí que tudo mudou em minha vida.

Geralmente, desde que saímos do aconchego do corpo de nossas mães, os pais tendem a canalizar todo o sofrimento que pode atingir a criança para mentiras ilusórias na intenção de poupar-nos da realidade. Não, não julgo, provavelmente isso é como um instinto onde queremos ver aquele pequeno ser humano o mais feliz possível.

Começa quando a criança está aprendendo a andar e, de repente, cai de bumbum no chão. Todos na sala entram em uma comoção geral, levantando imediatamente o bebê e checando desesperadamente se a pobre criança teve algum arranhão. Por que simplesmente não deixar aquela pequena queda passar despercebida e incentivar a criança a levantar-se sozinha e continuar seus curtos passos, aperfeiçoando por si mesma sua caminhada e exercendo a autonomia?

Logo, a criança começa a passar pela fase de fazer pequenos desenhos. Uns realmente muito fofos, outros são basicamente os desenhos de uma criança aprendendo a manusear o giz de cera. E, ao final de todos os seus desenhos, a pequena criança é tratada como um pequeno Michelangelo acabando sua Capela Sistina. A criança é idolatrada pelos pais em vez de simplesmente ser incentivada, elogiada e ter sua pintura exposta na geladeira.

Muito em breve, essa criança vai entrar para a escola e vai ver que a professora não irá idolatrar seus desenhos. A criança privada da realidade provavelmente levará tombos ao decorrer de toda sua trajetória e ninguém entrará em comoção para levantá-la. Ela terá que fazer isso sozinha.

Isso exemplifica muito bem a minha trajetória. Por vezes, fui muito privada de sofrer decepções, pois meus pais canalizavam a realidade de forma que ela chegasse até mim um tanto mais colorida.

O vestibular quebrou isso de forma muito brusca. Sem o amor que os pais utilizam quando ensinam e sem colorir a realidade.
Se você se tem bagagem para a prova, você passa. Se você não tem, eles não te privarão de procurar seu nome na lista de aprovados e não encontrá-lo. E aí, no meu caso, levei meu primeiro tombo na vida. Eu caí e não houve comoção para me levantar quando li que eu não fui aprovada.
Eu levantei sozinha e percebi que meus pais não poderiam fazer isso por mim, não poderiam estudar por mim e não iriam sofrer as consequências do meu despreparo.

Andei com as minhas próprias pernas. Muitas vezes caí, mas levantei, corri atrás do prejuízo e cá estou eu agora: aprovada para a segunda fase das duas universidades estaduais de são paulo.

Com toda certeza, essa foi a minha primeira capela sistina. Não, o mundo não a tratou como tal, não idolatraram esse pequeno feito e é assim que a realidade funciona. Não podemos esperar que notem nossos feitos. Mas faça desses pequenos feitos, dentro de você, sua própria cabela sistina e trate-os como um grande feito, não para os outros, mas para você.

Você Também Pode Gostar

0 comentários

Fique à vontade para criticar, elogiar ou dar dicas.
No caso de querer falar diretamente comigo, pode me enviar um e-mail. Clique aqui para ir em meus contatos. Responderei assim que puder!
Um beijo! ♥